Menger e o "paradoxo da riqueza"; o verdadeiro progresso sustentado.

 §4. A riqueza (Parte II)

Menger, perspicazmente, introduz a seguinte contradição envolvendo a riqueza e a economicidade dos bens: "que o aumento contínuo dos objetos de riqueza resultaria, necessariamente, no final, na diminuição dos objetos de riqueza". Explico: como a condição inerente para um bem ser considerado parte da "riqueza" de um indivíduo é ser um bem econômico, e, conseguinte, o agente econômico maximizador utilizar-se como objeto de sua atividade econômica inerente (a de preservação da utilidade dos bens econômicos). Uma vez que esse bem, mantendo a sua utilidade (o que faz o mesmo manter a sua característica de bem para quem utilizar-lhe para satisfazer alguma necessidade no contexto subjetivo e pessoal), por algum motivo qualquer, deixar de ser um bem econômico, esse bem deixa de ser considerado como "riqueza" para um agente econômico (embora ainda possa ser considerado como parte de seu patrimônio). 

Já que a riqueza, como já falamos anteriormente quando a definimos é a capacidade de medir o grau de plenitude das satisfações de um determinado agente que possui tal bem econômico em contraposição aquele que não o possui, uma vez que o bem não se torna mais econômico (seja pelo fato dele não ser mais demandado ou pela sua oferta aumentar abundantemente, sobrepujando a demanda), ele perderá todas as suas manifestações fenomênicas que podemos inferir para com a sua definição como tal. O bem não é mais econômico, pois sua oferta sobrepuja a demanda, os agentes econômicos não o utilizam mais em suas atividades econômicas (já que não é mais necessário preocupar-se com a sua escassez), ele não poderá ser mais usado como um critério eficaz de medir a plenitude com que um agente econômico satisfaz suas necessidades em comparações com outros agentes que não o possuem ou o possuem em maior/menor quantidade. Ou seja, ele é totalmente descaracterizado de todo o rol de suas características fundamentais de existência e definição. Esse bem já não é riqueza.

Logo, na contextualização de um horizonte mais amplo, podemos inferir que a produção, quando perpetrada a partir de sinais de preços que, salutarmente, através da técnica e do potencial maximizador dos agentes econômicos, através da produção de bens e estabelecimento de nexos causais, é capaz de catalisar o desenvolvimento econômico e, a partir das instituições organicamente estabelecidas a partir do processo empírico e racionalista das interações praxeológicas entre os indivíduos, de forma tautológica e causal estabelece modelos maximizadores a partir do estabelecimento de nexos causais e da produção descentralizada, surgindo assim a divisão do trabalho smithiana. A partir disso, com os agentes econômicos, agora especializados, trocando o fruto de seu trabalho com outros agentes econômicos, estabelecendo, através dessas trocas voluntárias que se baseiam nas demandas individuais e na oferta geral e disponibilidade de um bem no mercado (sem falar na infinidade de indivíduos planejando e mensurando seu consumo presente e futuro, através do cálculo econômico microfundamentado, adicionando a dimensionalidade das expectativas, que podem se mostrar acertadas, ou não), surge o sinal de preços, que em um mercado livre nada mais é do que a preferência temporal manifestada através de manifestações numéricas baseadas na disponibilidade dos bens em um determinado mercado. Isso é a ação humana, isso é o progresso!

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