Zona do Euro: PIB caindo junto com o desemprego, uma exceção da Lei de Okun? (14/11/2023)

 A Eurostat (agência de estatísticas da União Europeia), divulgou dados importantíssimos para a assimilação da situação atual no bloco econômico. A variação no emprego, utilizando bases trimestrais de comparação, identificou um crescimento de 0,3%, superando as expectativas dos economistas em 0,2%. Comparando com o mesmo período de 2022, o mesmo indicador identificou um avanço de 1,4%, também superando por 0,2% as expectativas. O curioso foi o fato do PIB ter encolhido 0,1% na base trimestral, apesar de ter crescido 0,1% na base anual.

Esse fenômeno mostra a invariabilidade da Lei de Okun quanto menor for o nosso horizonte de análise, ou seja, se o "imput" dos dados for limitado pela quantidade de dados em um determinado período, sem contemplar todas as facetas demonstradas pelo passar do tempo, a análise baseada em pressupostos preestabelecidos pela Lei de Okun não é fática. Além da Lei de Okun, a situação europeia contradiz a "Curva de Phillips", que pressupõe que o crescimento econômico tem uma forte correlação com a inflação subjacente, e a situação que vemos na Europa hoje e, principalmente há um ano atrás, mostrava o contrário, o fenômeno da estagflação fazia a atividade enfraquecer da mesma forma que os choques exógenos de commodities agrícolas e energéticas, juntamente com distorções provocadas pelas políticas monetárias heterodoxas de "effective lower bound" e afins, causaram distorções que não condizem com uma análise que apenas se leva em conta a demanda agregada como causadora da inflação.

Obs: A Lei de Okun postula que existe uma correlação inversa entre o PIB e o desemprego, ou seja, quando o PIB cresce, o desemprego tende a cair em uma proporção específica (geralmente, para cada ponto percentual de crescimento do PIB, o desemprego deverá crescer 0,5%). E a situação da UE é diferente, ou seja, em comparações trimestrais (um horizonte de tempo relativamente curto), o PIB caiu junto com o desemprego, indicando que essa correlação inversa é estatisticamente limitada por horizontes de tempo mais longos.