IPCA abaixo da expectativa dos mercados e Ibovespa em alta (10/11/2023)

 Apesar do IPCA não apresentar intrinsecamente um dado animador, ele indicou que entre os meses de setembro e outubro ocorreu uma "desinflação", termo que é utilizado para indicar uma diminuição no momentum, ou aceleração da inflação subjacente. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo, indicador que é divulgado pelo IBGE, apresentou uma aceleração de 0,24% no mês de outubro, contra uma aceleração maior, de 0,26% em setembro. Em 2022, por conta da alta dos preços dos combustíveis e pressões exportadores de demanda externa, principalmente, a inflação era de 0,595 no mês de outubro. O acumulado de 12 meses do IPCA é de 4,82%, atingindo novamente o patamar de março deste ano, apresentando uma diminuição em comparação a setembro, que parece marcar uma nova tendência baixista no gráfico.

Com os cortes na Taxa Selic, e o afrouxamento monetário subjacente, espera-se que a atividade ainda se encontre suprimida até a taxa encontrar a "Taxa de Juros de Equilíbrio", conceito que exemplifica a taxa em que a atividade nem se expanda e nem se deprima, baseada na teoria das Expectativas Racionais. Portanto, mesmo com os cortes da Selic, precisa-se analisar a proximidade da taxa atual em comparação à taxa neutra e também a transmissão dos efeitos dessa política monetária, que geralmente podem apresentar atrasos, ou "lags" quando confrontadas com a economia real, com instituições financeiras e empresas ajustando-se como em um efeito-dominó, através da interconexão dos agentes econômicos.

Passando para a análise setorial do IPCA, o grupo Alimentação e bebidas (0,31%), a alimentação no domicílio subiu 0,27% em outubro, após quatro quedas consecutivas. Destacam-se as altas da batata-inglesa (11,23%), cebola (8,46%), frutas (3,06%), arroz (2,99%) e das carnes (0,53%). No grupo dos Transportes (0,35%), o resultado foi influenciado pelo aumento nos preços da passagem aérea (23,70%). A gasolina, o gás veicular e o etanol caíram de preço, em consonância com os preços internacionais, após indicadores mostrando atividade global fraca e cadeias produtivas livres, além de um relaxamento nas sanções russas pelo Mar Negro. A única categoria que apresentou deflação foi a de Comunicações (-0,19%), que engloba serviços de comunicação, como telefonia fixa e móvel, internet, televisão por assinatura, entre outros.

O Índice IBOVESPA, similar ao Índice S&P 500, subiu no dia de hoje, tanto pelas expectativas de inflação prévias, que esperavam um número maior que que 0,24% e pela queda dos juros futuros americanos, uma vez que o capital que antes estava em Títulos da dívida americana, agora está fluindo para os ativos de risco, e o Brasil é um dos emergentes que ainda possui um mercado amplo, com a demanda reprimida e com o mercado relativamente aquecido, apesar do risco político.

No final do dia, o IBOVESPA subiu 1,33%, o Índice SMLL, que mede os preços das ações com menor capitalização, as "small caps", subiu 1,91%.