Dados dos EUA indicando contração: Política Monetária Contracionista Fazendo Efeito (16/11/2023)

Dados do BLS (Bureau Labour Statistics) sugerem mais um movimento contracionista no mercado de trabalho, com as empresas se ajustando às condições impostas pelo Federal Reserve, contraindo os seus custos, principalmente no setor industrial, que, diferentemente do setor de serviço, que se encontra em posição mais propícia do ciclo monetário, não está realizando a consecução das vendas, que caíram 0,7% no mês de outubro. 

Ainda corroborando com a pressão sobre o mercado de trabalho, as indústrias estão ajustando as ofertas, diminuindo a produção para se ajustarem às condições de demanda externa fraca e interna se deteriorando gradativamente, com a produção industrial encolhendo 0,6% ao mês. Essa rápida adaptação, não é apenas sinal de fraqueza, mas condições propícias internas dos Estados Unidos que permitem o ajuste fino das condições de recrutamento das forças produtivas, evitando assim um excedente de ofertas que causaria problemas para a economia.

Portanto, vemos uma desaceleração no setor de serviços um pouco mais acentuada quando comparamos mensalmente, uma vez que o mesmo estava aquecido durante a maior parte do ano por conta dos excedentes de capital acumulados pelos consumidores de épocas onde as condições acomodatícias estavam mais favoráveis.

Esse ajuste fino é fruto de condições próprias desenvolvidas nos Estados Unidos que permitem que as condições de identificar movimentos de mercado orgânicas, ou seja, a possibilidade de enxergar movimentos de mercado perpetrados pelos agentes econômicos através dos sinais de preços, que, em sua maior parte, nascem de um movimento praxiológico, sendo pessoal e racional. Em países protecionistas, ou até mesmo socialistas em algum grau, essa percepção dos fenômenos praxiológicos pelos agentes do mercado ocorrem em menor escala, ou nem mesmo ocorrem, uma vez que a economia, como postulado máximo da ação humana, determina que, para que um mercado explore a sua potencialidade em seu maior grau de eficiência, ou seja, provendo a maior quantidade de bens e serviços possíveis pelo menor preço possível, é necessário que os agentes interpretem e sinalizem efeitos de oferta e demanda com total liberdade, só assim os sinais, que nada mais são que os preços de mercado, podem gerar os insights que deveriam. Quanto mais rápido esses sinais submergirem, mais rápido poderá ser feito o ajuste da oferta para com a demanda, e assim evitar perdas desnecessárias ou alocações sem sentido.

O Federal Reserve continua enxugando liquidez do mercado. Esse movimento fica óbvio quando analisamos o seu Balanço Patrimonial, onde seus ativos vêm diminuindo mês após mês. A diminuição de seus ativos faz parte de uma operação de política monetária chamada "quantitative hardening", onde o banco central vende ativos que possuía, tais como títulos do governo, títulos lastrados em hipotecas, ações, ETFs, títulos corporativos, dentre outros. Quando esses ativos são vendidos em mercado secundário, o capital que foi utilizado pela consecução da compra flui da economia real para o banco central (pois quando o banco central está apertando suas políticas monetárias ele não compra outros ativos para substituir o que ele vendeu, mas espera até a economia precisar de estímulo novamente para fazê-lo). Portanto, enxugando a liquidez do mercado financeiro, o banco central torna-o mais escasso, fazendo as condições dos empréstimos piorarem, pois as instituições financeiras possuem menos dinheiro para emprestar. 

Outro fenômeno que podemos observar é o saldo dos depósitos dos bancos com o Federal Reserve aumentando paulatinamente. Isso ocorre pois, quando as condições de política monetária estão altas, o Federal Reserve aumenta as Taxas de Depósito, que são as taxas que o banco central paga para as instituições financeiras que mantém depósitos junto a ele. Logicamente, se os juros são altos, as instituições financeiras tendem a deixar mais capital em depósito com o Federal Reserve, e assim, é remunerado de acordo com a taxa estabelecida. A Taxa de Depósito é mais uma ferramenta de política monetária que permite o Federal Reserve de enxugar meios circulantes da economia real, pois os bancos (mesmo com as reservas fracionárias) possuirão menos dinheiro para conceder empréstimos para seus cliente, e isso diminui a demanda por bens e serviços de uma economia, uma vez que freia a demanda agregada, pois a mesma é retroalimentada através de empréstimo barato e meios circulantes abundantes em uma economia.


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